sábado, 21 de abril de 2012

Autos 4: Aquilo que não se mata...



Desolado, não parecia observar  o bom lugar ao qual seus passos pareciam tê-lo levado, aquela praça cujo centro mantinha erguido uma arvore de proporções majestosas como só a natureza sabe fazer na primavera e, inconscientemente ou não, lá estava ele de novo.

Com toda sensibilidade do mundo, tocava-a com a ponta dos dedos enquanto seu pensar era levado para longe, para o horizonte, o infinito... Na madeira daquela frondosa arvore existiam entalhes feitos por outras pessoas, por casais, por crianças, e ainda assim a arvore não perdia aquela beleza inicial. Parecendo compreender os sentimentos daquele visitante, com sua formosa copa vivaz....permitia que alguns raios de sol passassem por entre as folhas e banhassem o rosto dele, ou vez ou outra, derrubava algumas folhas sobre seus cabelos, mas ele não conseguia apreciar toda aquela imensidão ‘surreal’ de acontecimentos...pois sua cabeça  - a mente – estava em outro lugar. 

Sentou-se em um dos bancos mais próximos e poucos minutos depois  percebeu uma aproximação... observou uma moça de – aproximadamente -  sua idade sentar-se ao seu lado e encara-lo por alguns instantes. Ele, sem conseguir se conter, deitou-se sobre o colo dela e desatou a chorar, chorava como criança, fazia caretas, soluçava...e era tudo tão inocente que proporcionava aquele sentimento que alguns dizem ser terrível, outros julgam bastante nobre: Ter pena...sentir dó...

Ela o acariciava ( e quem via aquela cena de fora percebia facilmente uma intimidade fortificada por  muito tempo ), e embora ela demonstrasse todo esse “querer” cuidar dele, em nada mudava a situação, ele continuava abalado, triste, abatido....A cada toque, cada gesto simples, cada alisar em seus cabelos lhe remetia uma lembrança, um aperto daqueles que comumente dizemos ser no coração, uma pressão em nosso peito, amargura também, porque não? Era um sentimento tão intenso que era também indescritível. Nenhum dos dois falava, olhavam-se mais algumas vezes... olhavam-se e só...Era uma pena, o lugar ( volto a cita-lo ) era realmente bonito, mas embora de cores vivas se firmassem, ele via apenas cinza, preto e branco. Mas não conseguia impedir aquela nostalgia, uma época gloriosa, uma lição para vida toda, uma simples lembrança... 

Sem resistir mais aquele turbilhão de pensamentos, decidiu ir embora, levantou-se sem se despedir, em verdade ela parecia querer ir junto, mas nesse momento algo mudou no semblante dele, que parecia ter avistado algo que valesse a pena prestar atenção, a pessoa que ele mais queria encontrar, era ela... seu amor. Ele correu e se abraçaram, os olhos dele ainda estavam cheios de lagrimas, virou-se para traz ao vislumbrar a sua ‘ex’ companhia  e olhou-a nos olhos novamente. Ela era linda e quando ele a olhava, o vento parecia contribuir com aquela beleza, pois os cabelos delas farfalhavam no ar, fazendo incríveis desenhos que mudavam de tonalidade constantemente. Curiosamente, de todas as características apreciáveis, a mudança de cor do cabelo dela era a mais comum... Ela piscou para ele e sorriu prazerosamente, ele compreendeu a mensagem, abraçou aquela a quem amava e se foi...

Olhando ao redor, em outros bancos, existiam mais pessoas, elas passavam muitas vezes por ali, e sempre existia aquela que ficava parcialmente sozinha.... ( parcialmente ), fosse uma mulher, um homem, senhora, jovem...Ela estava lá para fazer companhia, e quem a encontra uma vez sabe que possivelmente encontrará com ela de novo e sempre. Mas naquele momento ela apenas se sentou novamente no banco e esperou....esperou o próximo ( a ) que iria encontra-la...a SAUDADE.

""A Saudade é nossa alma dizendo para onde ela quer voltar..."

2 comentários:

  1. Amei seu texto e para o final não haveria outra palavra para descreve-lo se não surpreendente. A saudade por mais que machuque é algo bonito, assim como o seu texto, tras uma dor em nosso coração mas é lindo e verdadeiro.
    Parabéns, continue sempre escrevendo. Beijos

    shakespearementiu.blogspot.com

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  2. Lindas descrições. É uma das coisas que eu definitivamente tenho dificuldade de fazer. Muito bonito o texto. E o final... de suspirar. Vou te confessar que eu praticamente não uso o msn (tô sendo eufêmica, eu não uso mesmo!). Então seria mais fácil, se tiveres facebook, me adicionar pra conversarmos pelo chat. O que achas? De qualquer forma, vou mandar o link do meu perfil por aqui.

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